ARTE FEMENINA

ARTE FEMENINA

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

ÁRVORES NA NOITE



Suam árvores de timidez
Na noite de saudades pelo dia
Da noite pela noite e sangue
Onde a fuga principia os movimentos da dor
As dores ressuscitam os movimentos na noite
Para se tornarem tranquilas
Para serem o frio da noite
Frio que nos deixa e escorre
Em ruídos sem emoção
Estilhaços que partem na direcção antiga
Intimo de cantares mulheres que ardem
Sem destino ou na conquista do mundo


Em lençóis brancos de linho
Se possíveis me fossem
As dores de ver felizes nos outros
As minhas dores
Enviava-te uma parcela de gesto
Por um fio que atravessa a noite
Entre os pinheiros erguidos de suspeita


Seriamos felizes distantes e sós
Com a mesma noite que nos separa
Noite que a todos separa
Noites que se esquecem uma das outras
Para serem iguais
Felizes por gestos de dor
Dores que os outros vencem dormindo

Seriamos distantes para que elas fossem iguais
Nas dores dos outros
Passarmos por mãos a ler no sol
Destinos incrédulos de pares alegres
Que a vida pagou em lúcidas manhas

Eu sonho dormir com o poder do gesto
Aproveitando esta hipótese pequeníssima
De me quebrar em memórias tuas
Mais que o conhecimento que tenho de saudade

Mesmo na noite só a que nos separa
Entre mim e o tocar no frio
O teu sorriso e ânsia de não ter fim
Ouço só no caminho que admito por passar perto
As mulheres solenes
Em túnicas de calma
Procurando-te por mim
Para a conquista do mundo
Em lençóis brancos de linho.




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