NOITE ESQUECIDA

Mais uma vez encontro a tua face,

Ó noite que julguei perdida.

Mistério de luzes e sombras

Sobre penedos de areia,

Rios de timidez em que escorre

Sobre os campos a lua cheia,

Ansioso de subir de cada voz,

Que a noite clara se desfaz e morre.

Secreta sobra de entusiasmo

De mil gestos entre a folhagem,

Tristeza das cigarras a cantar.

Ó noite, essa tua imagem

Reconheço e adoro a tua face,

Tão perfeita e desejada,

Por vezes encontrada,

Que a vida faz passar, sem que ela passe,

Do fundo dos meus olhos onde está gravada

Sozinho estou entre parede brancas

Pela janela azul entrou a noite

Com o teu rosto altíssimo de estrelas.